Em execução

Sete Rios

A intervenção situa-se entre o entroncamento da Estrada de Benfica com a R. das Furnas, a Estrada das Laranjeiras (a nascente), e o entroncamento das Ruas de Campolide e Prof. Lima Basto, sendo delimitada a norte pela vedação do Jardim Zoológico de Lisboa e a sul pelas instalações do Metropolitano de Lisboa e pelo Terminal Rodoviário da Rede Expressos, a Estação Refer de Sete Rios, e as instalações das oficinas Mercauto / Grupo Santogal


Abrange o Terminal de Autocarros Urbanos da Carris (adjacente ao muro do Jardim Zoológico de Lisboa), as instalações abrigo / palas em betão, do Arq.º Keil do Amaral (antigo terminal de correspondência Carris-Metro), as galerias pedonais subterrâneas do átrio norte da estação de metropolitano de Sete Rios (Linha Azul) - localizadas sob a Praça Marechal Humberto Delgado, e possível ligação pedonal (subterrânea) deste ao átrio sul da mesma estação, o parque de veículos rebocados pela EMEL – situado sob os acessos e o troço nascente do viaduto do eixo Norte-Sul, o parque de estacionamento fechado de veículos ligeiros explorado pela EMEL, situado sob o troço médio do viaduto (frente ao Jardim Zoológico), e o parque de estacionamento aberto situado sob o troço poente do Eixo Norte-Sul (do lado do Bairro das Furnas).

Dados gerais

Freguesia: S. Domingos de Benfica

Bairro: Sete Rios

Início:  janeiro 2022

Fim (Previsão): junho 2024

Área de intervenção (aproximada): 152.220 m2

Área de projeto (aproximada): 51.424 m2

Planta síntese

Mais informação

O projeto estrutura e hierarquiza os diferentes usos de um espaço urbano complexo e contraditório para promover a legibilidade do lugar e potenciar novas formas da sua apropriação:

1.1 Integração do viaduto rodoviário no tecido urbano

O projeto trata o viaduto como um edifício, valorizando as suas potencialidades e densificando os usos dos espaços cobertos que o tabuleiro promove:

  • o programa diversificado sob o tabuleiro inclui o terminal rodoviário coberto, ampliável, estacionamento de automóveis, bicicletas e motociclos e atravessamentos pedonais protegidos;
  • para a qualificação do terminal rodoviário, prevêem-se sistemas de proteção da chuva, do vento e do sol que complementem a cobertura que o viaduto proporciona;
  • promove-se a integração dos sistemas de iluminação e o redesenho dos colectores de águas pluviais. 

1.2 Reordenamento do sistema viário e criação de uma Praça Urbana

O projeto concentra sob o viaduto e de ambos os seus lados o Interface de Transportes e todo o sistema rodoviário local:

  • promove medidas de acalmia – reorganização de faixas de rodagem, incremento das faixas BUS e semaforização de travessias pedonais que favorece peões, ciclistas e transportes públicos;
  • incentiva o percurso a pé e o uso de veículos de duas rodas;
  • promove o alargamento generalizado dos passeios e a requalificação dos atravessamentos pedonais;
  • reduz os percursos entre circulação pedonal e paragens de transportes públicos;
  • o acesso ao parque público subterrâneo, os autocarros de circuitos turísticos e de visitantes do Zoo, bem como os táxis, vão utilizar faixas próprias;
  • a ciclovia é introduzida na praça e autonomiza-se da circulação rodoviária;
  • ao concentrar toda a estrutura rodoviária local sob e de ambos os lados do viaduto, a proposta liberta o espaço público em frente ao Jardim Zoológico e cria as condições para a construção de uma praça urbana;
  • o percurso a pé ou de bicicleta, o encontro e o desencontro, a dança, a festa, a manifestação, a feira, a exposição, a performance, passam a poder acontecer no espaço onde os automóveis não têm lugar permitindo a fruição de um espaço público coerente e atrativo. 

1.3 Requalificação do Interface de Transportes

O reordenamento do sistema viário proposto permite requalificar o Interface de Transportes (que integra comboio, metro, autocarros rede expressos, suburbanos e urbanos e táxi) e aumentar a atratividade, a eficiência e o conforto dos utentes:

  • encurtar as distâncias a pé entre os diferentes tipos de transporte público requalificar os percursos pedonais de superfície – cobertos e descobertos – e os percursos subterrâneos;
  • garantir, em toda a área de intervenção, a acessibilidade para todos;
  • selecionar e desenhar abrigos adequados às localizações cobertas e descobertas;
  • o reordenamento do Terminal da Rede Expressos será um complemento de eficiência no complexo do Interface de Transportes.

1.4 Intervenção sustentável 

A proposta baseia-se em princípios de intervenção sustentável, numa operação que visa a qualidade de vida e a autoestima dos cidadãos. 

Maximizar a área não impermeabilizada:

  • as maiores superfícies não pavimentadas e arborizadas concentram-se nas áreas sem construção subterrânea existente ou projectada;
  • as águas pluviais recolhidas nas áreas pedonais são encaminhadas à superfície para infiltração nas áreas permeáveis;
  • selecionar pavimentos e equipamentos que assegurem o conforto e segurança dos utentes;
  • os pavimentos pedonais e rodoviários, guias e contra-guias, mobiliário urbano, ecopontos e elementos aparentes das infraestruturas enterradas devem oferecer garantias de qualidade formal, de durabilidade e de fácil manutenção.

 Projetar um sistema de iluminação pública coerente:

  • a iluminação pública é exclusivamente fornecida por luminárias em colunas com altura que permita minimizar o número de candeeiros;
  • os sistemas de iluminação pública no viaduto e sob ele são integrados com a iluminação dos espaços envolventes;
  • todas as luminárias são de baixo consumo e com garantia de não encandeamento dos utentes nas várias cotas.

 Manter, reabilitar e reutilizar ou renovar espaços e equipamentos existentes:

  • o jardim com árvores de grande porte que confronta com a Estrada de Benfica é conservado;
  • todas as árvores, desde que compatíveis com as construções enterradas previstas, são mantidas;
  • o uso do espaço coberto sob o viaduto reduz a necessidade de construir muitas estruturas de proteção.  

2) Sistema de circulação e de transportes

A solução preconizada pelo projeto para a infraestrutura de transportes baseia-se em três princípios estruturantes:

  • racionalizar o espaço de circulação e estadia ‘automóvel’ tendo em vista reduzir a área afeta ao transporte motorizado, mantendo-se contudo as funções existentes e reforçando outras;
  • aumentar a multimodalidade (diversidade modal) por afetação de espaço-canal a novos modos (ciclável), por melhoria das plataformas dedicadas ao peão e pela deslocalização para este nó de terminais de linhas interurbanas/ suburbanas de escala metropolitana;
  • Melhorar a intermodalidade por racionalização dos percursos ‘a pé’ na ligação entre si dos diferentes modos – comboio, metro, autocarros, parques de automóveis, etc.

A solução preconizada não visa uma redução da oferta, apenas considera, como princípio viável, a manutenção de uma procura próxima da existente mas beneficiando de maior eficácia por redução de folgas e usos indevidos. Está-se em presença de um importante nó do sistema metropolitano e o seu comprometimento funcional acarretaria elevados custos para a malha urbana local podendo inclusive comprometer o sistema metropolitano onde as interdependências funcionais implicam processos muito mais lentos de mudança.

A alteração de fundo que permite a transformação deste espaço consiste na passagem para o subsolo da capacidade de estacionamento de ligeiros de apoio ao ZOO. O espaço sobrante converte-se assim numa enorme plataforma pedonal de valorização da fachada anterior do Jardim Zoológico. O espaço sob o viaduto do Eixo Norte-Sul é transformado em corredores dedicados para diferentes tipos de serviços de autocarro, concentrando no centro o serviço suburbano que têm origem/ destino na margem sul do Tejo, articulando diretamente com as rampas de acesso. ‘Por fora’ circulam também em corredores dedicados os autocarros urbanos (CARRIS) e do lado do ZOO é ainda criado um corredor/ aparcamento de autocarros de excursões (visitas organizadas).

O reforço do sistema pedonal baseia-se na melhoria das conexões entre a estação do metro e todos os cais de autocarros e na possibilidade de futura ligação em subsolo da estação de metro à estação de comboios, potenciando as funções da interface. À superfície há uma racionalização dos percursos pedonais por criação de trajetos lineares e diretos, Pela mesma razão se procurou paralelismo entre passadeiras e corredores dedicados para bicicletas.

3) Arquitetura paisagista

O projeto prevê um aumento significativo do uso de vegetação contribuindo para a lógica de aumento da permeabilidade do solo.

Com excepção do estrato arbustivo, que por razões de segurança não será aplicado na presente praça, quase todos os estratos estarão presentes estando maioritariamente distribuídos por dois tipos de áreas: as de jardim e as de caldeira.

3.1 Jardim

  • as áreas de jardim correspondem a grandes espaços permeáveis onde predomina o uso de vegetação sobre o uso de pavimentos. Esta tipologia concentra-se na zona norte da intervenção, onde a praça confronta com o jardim zoológico, assim como no limite poente, no terreno onde se encontravam as antigas instalações da PIDE e jardim pré-existente, que tendencialmente será mantido, adaptando-o ao novo desenho;
  • estes espaços deverão permitir uma grande taxa de infiltração de água, estando prevista a criação de zonas específicas para a acumulação e infiltração de água, recorrendo à criação de charcas integradas no espaço disponível;
  • nesta tipologia de espaço, estarão presentes todos os estratos de vegetação prevista. Pretende-se que o jardim possa gerar um espaço de grande conforto bioclimático, convidativo à circulação, paragem e estadia de pessoas;
  • nos espaços de jardim, prevê-se a criação de parcelas de prado regado, que permitam a circulação, paragem e uso de pessoas em atividades informais como picnics e jogos. 

3.2 Caldeiras

  • os espaços de caldeiras surgem como complemento às áreas mais pavimentadas da praça. As caldeiras serão de grandes dimensões, permitindo a plantação de árvores capazes de gerar sombra sobre o espaço de circulação e estadia da praça;
  • a vegetação arbórea será complementada por vegetação herbácea e subarbustiva;
  • esta composição de estratos permitirá igualmente regrar a circulação na praça, limitando-a aos espaços canais definidos, o que no caso das áreas próximas da ciclovia serão fundamentais para evitar colisões entre ciclistas e pessoas em circulação;
  • estas caldeiras funcionarão igualmente como espaços de retenção de água, estando previstas para as caldeiras mais a sul (caldeiras que recebem maior quantidade de água) a criação de pequenas depressões de terreno que permitem a acumulação e água e a sua infiltração;
  • estão também previstas caldeiras metálicas quadradas para a colocação de exemplares de Citrus sinensis na zona nascente do espaço;
  • a manutenção e reforço do alinhamento de Tílias existentes a sul;
  • colocação de exemplares de Fraxinus angustifolia para criação de sombra na zona de paragem dos autocarros;
  • criação de alinhamento de Tílias com base na reformulação do passeio na Rua Professor Lima Basto;
  • de uma forma geral será dada prioridade ao uso de espécies autóctones ou alóctones que já tem demonstrado adequar-se ao clima de Lisboa;
  • a organização das espécies herbáceas e sub-arbustivas terá em conta o seu porte, permitindo uma separação em estratos de baixo, médio e alto porte.

O projeto tem como objetivo geral estruturar e hierarquizar os diferentes usos de um espaço urbano complexo e contraditório, para promover a legibilidade do lugar e potenciar novas formas da sua apropriação:

  • integração do viaduto rodoviário no tecido urbano
  • reordenamento do sistema viário e criação de uma Praça Urbana
  • requalificação do Interface e novo sistema de Transportes
  • intervenção sustentável
  • paisagismo (um aumento significativo do uso de vegetação)

Sessão pública realizada no auditório do Jardim Zoológico de Lisboa (19 de novembro de 2015) para apresentação do projeto.