Polícia Municipal de Lisboa

Dezembro/2020

À noite todos os gatos são pardos. Excepto se a Polícia Municipal de Lisboa estiver no terreno.
Desde o mês de agosto que os agentes da Divisão de Trânsito da Polícia Municipal de Lisboa cumprem, escrupulosamente, das 20 às 6 da manhã, o policiamento na 2.ª Circular. A via está a ser alvo de repavimentação, substituição e melhoria da sinalização rodoviária. Cabe à PML a segurança dos trabalhadores da obra, dos condutores e dos cidadãos em geral.

Às 19h00 os agentes da Divisão de Trânsito da Polícia Municipal de Lisboa já têm preparado o equipamento e o material necessário à operação que lhes foi conferida: policiamento noturno na 2.ª Circular.

Vestem-se coletes refletores, colocam-se manguitos e pernitos, examinam-se os meios de sinalização que devem seguir nas carrinhas: cones, lanternas, rádios… Pelo meio bebe-se mais um café, retira-se uma água da máquina, remata-se a conversa do dia, observa-se minuciosamente o relógio. Há um pequeno rebuliço devidamente organizado.

Um quarto para as 20h00 e é preciso deixar o Comando, na Praça de Espanha, em direção à 2.ª Circular. Está tudo milimetricamente calculado e devidamente planeado. Nesta noite, muito mais fria, o ponto de encontro é junto às bombas de combustível do Aeroporto de Lisboa.

O Comissário David Vieira, adjunto do Comandante da Divisão de Trânsito da PML e responsável pela operação de segurança, dispara as últimas ordens em todas as direções. Os homens são rápidos e diligentes. Motos, carrinhas e carros patrulha abandonam a Cardeal Saraiva em direção à 2.ª Circular. “Este policiamento visa garantir a segurança dos trabalhadores da empresa que estão a montar a sinalização, bem como a segurança de todos os utentes da via”, explica o Comissário, que está na PML há cerca de um ano.

Mas para que a missão seja um sucesso a operação tem de ser cuidadosamente planeada, quer em termos estratégicos, como de execução.

Do ponto de vista estratégico, esclarece o Comissário, cumpre-se o que o Comandante delineia. E para isso “é necessário fazer algumas diligências, nomeadamente proceder a reuniões preparatórias com a Câmara de Lisboa e a empresa construtora”.

O objetivo é identificar o trajeto a policiar, os cortes a realizar, procedimentos a efetuar, número de homens a mobilizar e meios-auto necessários para a execução da missão. De seguida, parte-se para o terreno: “É extremamente importante fazermos o reconhecimento do local”, reforça. “Porque pode haver uma mudança das características da via, que pode acontecer de um momento para o outro. O aparecimento de um simples buraco pode colocar em causa todo o planeamento”.

Com tudo devidamente verificado e definido constrói-se uma Ordem de Missão para que os agentes compreendam o que o Comandante quer que seja executado. É isso que a PML nos vai mostrar esta noite.

Últimos preparativos

Às 20h00 o efetivo escalado para desempenhar o policiamento noturno na 2.ª Circular está todo concentrado junto ao posto de combustível perto do aeroporto.

Numa reunião de trabalho célere, o Comissário difunde as instruções para a noite, indicando quem vai para onde, que acessos devem ser cortados e vigiados, que alternativas existentes devem ser comunicadas aos condutores: “… alternativa para a Estrada da Luz, segue em direção à Avenida Lusíada, em direção IP7, segue desvio 2…”.  

É impreterível que nenhum automobilista entre num dos acessos vedados, sob o risco de comprometer a operação, colocando em perigo a vida dos trabalhadores da obra e dos próprios polícias: “Hoje vamos fazer 12 cortes, por forma a que a 2.ª Circular fique interdita, não tenha qualquer carro, enquanto os funcionários da empresa à qual foi adjudicada a obra montem a sinalização e o bisel, que é um corte de via nas devidas condições para que depois seja retomada a circulação rodoviária”, revela o Comissário.

Já desmobilizados, os agentes deslocam-se em várias direções para cumprimento das instruções recebidas. Tem de estar tudo pronto em pouco mais de uma hora.

Seguimos com o agente Melo para Santa Iria de Azóia onde vamos aguardar pelo responsável da obra para ser iniciado o abrandamento e travamento do trânsito que circula na A1 em direção norte-sul.

Mas um acidente no sentido sul-norte obriga a coluna da PML a estancar: “Acidente entre 3 ligeiros. Desculpem, temos de parar”, avisa o agente Melo. “Vidas humanas estão sempre em primeiro lugar”, atira, já a correr em direção ao local.

Muita calma e compreensão

Em Santa Iria, os carros patrulha colocam-se lado a lado. Para que os funcionários da obra possam iniciar o trabalho em segurança, os agentes têm de recorrer a técnicas de abrandamento, com redução gradual da velocidade de 80 km para 60, 40, 20 até aos 0 km, com paragem e corte temporário.

A operação demora uns 15 minutos até se atingir o ponto definido para paragem total do trânsito: “O nosso trabalho aqui consiste no travamento. Uma situação em que vamos abrandar o trânsito de forma a criar uma almofada de segurança” até o trânsito parar por completo, explica o agente Melo.  “Os principais cuidados são sempre a segurança das pessoas e a nossa. Fazer com que o trânsito flua da melhor maneira, apesar do incómodo que já estamos, infelizmente, a causar aos condutores”.

No troço onde a obra vai decorrer os agentes cortam todos os ramais de acesso assinalados, uns de forma breve, outros em definitivo, e o trânsito passa a ser vigiado atentamente, não vá alguém querer entrar à força na zona proíbida.
Um trabalho complexo e cuidadoso, que exige atenção e paciência, admite o Comissário David Vieira. “Este policiamento acaba por ter dois momentos, ou seja, a montagem destes cortes e depois um segundo momento, que é a desmontagem. E no meio está o trabalho em si, que não é propriamente da nossa competência, mas temos que garantir que enquanto os trabalhos decorrem até às 6 da manhã ninguém entra na 2.ª Circular. Portanto, para além de fazermos os cortes, temos de garantir que ninguém os vai abrir, nem que ninguém fura aquilo que foi superiormente delineado em ordem de operações”.

Entre o bisel, os cortes e os cones, porém, há sempre alguns condutores mais afoitos, afirma o agente Melo, encolhendo os ombros. “Normalmente a maior parte das pessoas reage bem, contudo agumas ficam ofendidas, pensam que isto é proprositado”. O que exige muita calma e compreensão: “Compreendemos que é apenas no calor da situação, que estão enervadas, aborrecidas”. O maior problema, frisa, é quando surgem os radicais que de tão irritados chegam mesmo a avançar em direção aos agentes: “Algumas pessoas têm dificuldade em perceber que estamos ali para manter a segurança delas próprias. E já tivemos um ou outro caso de condutores que, mesmo vendo-nos, avançam com a viatura até junto da nossa para pedirem explicações. Temos de explicar, acalmar, até que entendam que é pela segurança de todos que este policiamento está a ser feito”.

A PML realça, contudo, a colaboração e a cidadania dos condutores, superior a um ou outro caso de alguém mais stressado.

A paciência, essa, será fundamental e todos vão precisar dela até às 5 da manhã, quando os trabalhadores começam a retirar as máquinas e equipamento da estrada e os polícias também podem ir descansar.

  • Em média, 110 mil veículos passam diariamente na 2.ª Circular, a via urbana com maior tráfego no país;
     
  • A requalificação da via visa melhorar a segurança e condições de circulação dos veículos;
     
  • As obras vão continuar a ser executadas à noite para limitar possíveis e prováveis constrangimentos aos condutores, até meados de 2021.

Missão, Visão, Estratégia

A Polícia Municipal de Lisboa é um serviço integrado na estrutura da autarquia de Lisboa, equiparado a Direção Municipal.
Tem como missão servir os cidadãos e garantir a segurança, fiscalizando o cumprimento de todas as leis e regulamentos no âmbito das atribuições e competências legais do município, promovendo uma cidadania ativa de participação na segurança para o bem-estar dos cidadãos e qualidade de vida na cidade.
Os seus valores norteiam-se por uma atuação assente na prevenção, orientada para a interculturalidade, nas e com as comunidades locais, numa filosofia de aproximação polícia-cidadão, na vanguarda das tecnologias de informação e sustentada pela credibilidade, respeito e confiança nos cidadãos.